A manhã desta terça-feira, 9, começou diferente para os idosos da região sul de Palmas, que tiveram a oportunidade de bater um papo com o delegado de Polícia Civil, Ricardo Real, titular da 1ª Delegacia Especializada de Atendimento à Vulneráveis (DAV – Palmas). O encontro abordou os direitos da pessoa idosa e aconteceu no Cras Karajá, no Aureny III.
A ação faz parte da Operação Virtude, que ocorre em todo o Estado até o próximo dia 31 de outubro, com o objetivo de combater diversas formas de violência praticada contra pessoas idosas.
O delegado Ricardo Real destacou que conhecer os direitos e os canais de denúncia é o primeiro passo para que os idosos consigam sair de situações de violência. “Quando ouvimos a palavra violência, pensamos que é apenas a parte física, mas não é só isso. Temos violência psicológica, institucional, patrimonial, entre outras, que podem estar afetando a pessoa idosa, mas ela não consegue identificar. Levar essa informação para esse público é o primeiro passo para que eles possam denunciar os casos de violência que porventura venham a sofrer.”
Até julho deste ano, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos já recebeu mais de 65 mil denúncias de violação dos direitos das pessoas idosas. No Tocantins, foram 319 denúncias recebidas.
A aposentada Geruza da Silva, que participou da conversa, destacou que o encontro ajudou a ter mais consciência sobre o que é a violação de direitos. “Às vezes, nós da melhor idade, passamos por um problema e achamos que não é um problema, como o idoso ser humilhado dentro de casa por pessoa próxima. O delegado ter vindo aqui foi muito bom, porque ele explicou para nós, através do Estatuto do Idoso, quais são os nossos direitos.”
As violações de direitos, como violência física, psicológica e patrimonial, podem ser denunciadas à Polícia Civil por meio do telefone 197.
Violência patrimonial
Outro ponto abordado no bate-papo com os idosos foi a atenção às relações familiares. Por confiar em um familiar, o idoso acaba cedendo às pressões da pessoa e se torna vítima de violência, como a patrimonial. “Às vezes, quem pratica essa violência é um filho ou um neto, o que torna a situação mais difícil para o idoso conseguir se livrar dela. Isso acarreta outros problemas, como o adoecimento mental. Por isso, esse momento da DAV com os idosos é importante para que eles saibam que podem denunciar essas situações, mesmo que o autor seja uma pessoa da família desse idoso”, explicou o delegado Ricardo.
A violência patrimonial pode ser praticada também por instituições financeiras, que, aproveitando-se das informações do idoso, tentam fazê-lo contrair um empréstimo comprometendo sua renda, que na maioria das vezes é pequena.
No Tocantins, a Lei 4.067/22 proíbe que instituições financeiras ofereçam e celebrem acordos com aposentados e pensionistas por telefone. O descumprimento pode ser denunciado ao Procon por meio do telefone 151.
Com 75 anos, o aposentado Raimundo Nunes garantiu que não cairá mais nessas abordagens. “Outro dia chegou um homem lá em casa querendo vender esses colchões, sabe? Eu deixei ele falar. Aí olhei para dentro de casa e minha mulher estava balançando a mão para mim, falando para eu não comprar, porque ela também é experiente. Eu disse que não queria mais. Já tenho a cartilha dos direitos na cabeça, não caio mais nisso.”